Ballet em cena: bailarinos reacendem a dança no Teatro SARAH

Bailarinos apresentando "Bênçãos por debaixo dos chapéus" no palco do SARAH
Bailarinos apresentando "Bênçãos por debaixo dos chapéus" no palco do SARAH

Dando continuidade às variedades de apresentações artísticas do Programa Arte e Reabilitação, o Teatro SARAH teve o privilégio de receber, na tarde do dia 3 de junho, a Companhia Bailarinos de Brasília, o novo corpo de baile profissional da capital. A apresentação marca o primeiro trabalho realizado pela Companhia, além da volta do ballet aos palcos do Teatro SARAH, após uma década. O repertório dividido em dois atos – Gala de Grand Pas de Deux e Bênçãos por debaixo dos chapéus – misturou o ballet clássico e contemporâneo, encantando todo público presente.

A Companhia Bailarinos de Brasília foi formada recentemente em uma parceria com a Secretaria de Cultura e Economia do Distrito Federal. Composta por 11 bailarinos, o grupo surge com o propósito de consolidar Brasília como referência nacional em dança clássica, através de seus espetáculos, projetos e ações de valorização da dança como linguagem artística e ferramenta de transformação cultural, o que vai de encontro com um dos ideais do Programa de Arte e Reabilitação da Rede.

Em entrevista a equipe da Rede SARAH, o diretor artístico da Companhia, Luis Rubens Gonzalez, destacou que o ser humano precisa da sensibilização que a arte entrega às pessoas. “Atualmente estamos cada vez mais tecnológicos e afastados dos sentimentos, o que nos faz esquecer a sensibilidade do que nós somos. A arte mexe com essa parte e ela tem o poder de recuperar essa essência”, falou Luís ao ressaltar a importância que tanto a dança quanto o programa da Rede traz aos pacientes. 

O primeiro ato trouxe três variações clássicas do ballet com a tradicional Gala de Grand Pas de Deux – conjunto de danças executadas por um casal, que compartilham um tema comum, muitas vezes simbólico de uma história de amor ou da parceria inerente ao amor. A primeira dança, apresentada pelos bailarinos Daniel Dantas e Ana Júlia, foi o Ballet Chamas de Paris, que tem como tema a Revolução Francesa. A segunda variação, performado por Adrian Barreto e Camila Xavier, foi o Ballet Diana e Acteon, inspirado na história da mitologia grega da transformação de Acteon em cervo por Diana, deusa da caça. Por fim, a última apresentação do conjunto de danças, realizado pelos bailarinos Renato Gomes da Silva e Yasmin Penha, foi o Ballet de Paquita, conhecido pela sua música alegre e danças espanholas.

Para o segundo ato do espetáculo, “Bênçãos por debaixo dos chapéus”, o palco ganhou luzes terrosas e o som de chocalhos, ambientando o Teatro para as profundezas da conexão com a terra. Os bailarinos utilizaram grandes sombreiros provocando uma atmosfera imponente, valendo-se de sons de animais, luzes e sombras para articular a fusão do corpo com a natureza, com uma coreografia intensa, conseguindo integrar sincronia e singularidades, movimento e som. 

Por meio da dança, interpretaram um poema contando a história de como a luz reflete dentro de cada um de nós. “O sopro do Fole”, na interpretação de Maria Bethânia, conduziu os bailarinos no palco, com o complemento do som do berimbau, trazendo a coreografia ao seu auge, com passos fortes. Já ao som de “Mortal Loucura”, também da cantora baiana, veio a delicadeza da vida humana, através de cada passo das bailarinas, e, sob a proteção de seus chapéus, criaram uma onda que ao mesmo tempo escondia e revelava a expressão do corpo. 

Criado pelo renomado coreógrafo paulista Lucas Pierre, o ato traz uma homenagem póstuma à história de seus avós que viviam na roça. Em sua rede social, Lucas relatou a emoção de ter tido sua apresentação realizada no palco do Teatro SARAH, que você pode conferir clicando aqui.

Com uma grande escultura a partir do próprio cenário, o palco se tornou um só com os bailarinos, que sem nenhuma palavra, como só o ballet consegue fazer, nos fez ser parte do espetáculo. Sendo aplaudidos por vários minutos, a Companhia Bailarinos de Brasília emocionou os quatro cantos do teatro e, ainda ao som das palmas, receberam flores de pacientes da Rede. Ao fim do espetáculo, a Companhia prestou um agradecimento à instituição em suas redes sociais. 

“A arte tem esse dom de chegar devagar, com delicadeza e transformar tudo ao redor. Hoje, a dança entrou em um lugar de silêncio e cuidado e ali encontrou abrigo. No Hospital SARAH, os gestos disseram o que as palavras não alcançam. Essa apresentação não aconteceu apenas em um palco. Ela aconteceu nos olhos que se emocionaram, nos sorrisos e na pausa que virou respiro em meio à rotina. Tudo isso só foi possível graças ao projeto Arte e Reabilitação, do Hospital SARAH, que entende que cura também passa pela alma. Temos orgulho de fazer parte disso. Porque quando a arte encontra propósito, ela deixa de ser espetáculo e vira presença, vira memória, vira esperança!” – Companhia Bailarinos de Brasília (confira o post do Instagram da Companhia, clicando aqui).